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O III Congresso Internacional sobre Culturas – Interfaces da Lusofonia aprofunda um debate científico, que teve início em 2015, na Universidade da Beira Interior, e se reforçou em 2016, na Universidade Federal da Bahia. Por outro lado, este III Congresso Internacional sobre Culturas constitui um desafio para a linha de investigação que há muito tempo se estabeleceu no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), da Universidade do Minho, a linha de investigação em Estudos Culturais.

Os Estudos Culturais são contemporâneos do movimento de aceleração mundial de bens culturais, pela mobilização tecnológica do planeta, e da assunção da solidariedade coletiva, que tem em vista a nossa segurança global. São contemporâneos, igualmente, do processo de mundialização dos riscos ambientais e ecológicos, pelo que acompanham, de igual modo, o nosso atual desassossego pelas consequências sociais e culturais das biotecnologias, que fundem numa amálgama o humano e o não humano.

É, sem dúvida, por se instalarem no atual e no contemporâneo e por habitarem o presente e o quotidiano que os Estudos Culturais estão associados aos novos territórios de investigação nas Ciências Sociais e Humanas: os novos grupos sociais, de produtores, criadores e divulgadores culturais; os consumos culturais, de hábitos de leitura e de utilização da Internet, e de idas ao teatro, ao cinema, a concertos, a museus, a exposições de arte; os estilos de vida, os gostos culturais, os públicos da cultura; os estudos sobre cultura visual, arte, comunicação e estética; os estudos sobre género e sobre as sexualidades; os estudos sobre subculturas juvenis, urbanas e suburbanas; os estudos sobre receção dos média por jovens e adultos e por públicos particulares, como o são as crianças, os idosos e as minorias étnicas; os estudos sobre os usos dos dispositivos tecnológicos de comunicação, informação e lazer (Internet, Tablets, iPod, iPad, telemóveis, etc.); os estudos sobre indústrias culturais e e-economia: moda, turismo, férias, museus, publicidade, cinema, televisão, rádio, imprensa escrita, novos média, jogos eletrónicos; enfim, os estudos pós-coloniais, com incidência particular nas narrativas identitárias, nacionais e transnacionais, e nas memórias sociais.

No que concerne aos estudos pós-coloniais, têm sido particularmente fecundos no CECS os estudos lusófonos, que se impuseram como um campo de investigação, em três direções complementares: incidindo sobre as narrativas lusófonas como construção, a várias vozes, de uma comunidade geocultural, transnacional e transcontinental; visando as políticas da língua e da comunicação, como combate simbólico pela afirmação de uma comunidade plural, na diversidade de povos que falam o Português; e interrogando a complexidade do movimento de interpenetração das culturas, que na interação entre nós e o outro, assim como na interação entre povos, tanto traduz relações de encontro, assimilação e dominação, como compreende, em gradações diversas, relações colonialistas, neocolonialistas e pós-colonialistas.

O III Congresso Internacional sobre Culturas vem, pois, reforçar um debate presente no CECS há cerca de duas décadas e que teve expressão pública no III Congresso Lusófono de Ciências da Comunicação (1999); no Seminário Comunicação e Lusofonia (2005); no Congresso A Comunicação Social e os Portugueses no Mundo (2006); e, finalmente, no Congresso Interfaces da Lusofonia (2013).

O que pretendemos neste III Congresso Internacional sobre Culturas – Interfaces da Lusofonia é que ele constitua o espaço de um debate alargado, que contribua para o desenvolvimento e a consolidação da comunidade lusófona de Ciências Sociais e Humanas.

Moisés de Lemos Martins

Presidente do Congresso

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